Perseguidos pela Inquisição, na Idade Média, imigraram para o Brasil desde a colonização

Torá Sefardita – Banco de imagens: Shutterstock

Os Judeus Sefarditas começaram a ser perseguidos no final do século XV pelos reis católicos em Espanha e pelo Rei D. Manuel em Portugal. Chamados de cristãos-novos ou marranos, foram forçados ao batismo, perseguidos, torturados e mortos. Muitos milhares fugiram do país e continuaram professando a fé judaica em segredo.

Em 2015, como forma de reparação histórica por toda a perseguição e sofrimento, Portugal aprovou uma lei que permite a concessão da nacionalidade, por naturalização, aos descendentes de judeus sefarditas.

O Decreto-Lei Português nº30-A/2015 indica os requisitos legais relativos à candidatura para a obtenção deste benefício.

Desde então os pedidos e as aprovações de naturalização portuguesa por via sefardita não param de crescer

Raízes familiares e judaicas

O Restaurando Raízes atua com consultoria especializada em genealogia sefardita para fins de naturalização portuguesa e possui o objetivo de revelar a ascendência judaica por meio de árvores genealógicas.

Não raro, após começarem o estudo genealógico, as famílias passam a identificar, em sua rotina, hábitos indicativos de sua ascendência. “Passei a entender coisas simples da rotina do mineiro como pedir benção aos mais velhos, não apontar os dedos para o céu e as estrelas, ser arredio e desconfiado, entre outras coisas”, dizem.

Cidades mineiras como Jaguaraçu, Marliéria, Ferros, Itabira, Dionísio, São Domingos do Prata, Mariana, Pitangui, Pompéu, Lavas, Itambé do Mato Dentro, dentre outras, estão repletas de descendentes de Judeus Sefarditas e tiveram importante participação na formação da sociedade regional.

Fotografia cedida pela cidade de Marliéria / Fotógrafa: Elvira Nascimento
Fotografia cedida pela cidade de Jaguaraçu / Fotógrafo: Pedro Silva

Judeus sefarditas

A presença dessas comunidades na Península Ibérica é anterior à formação dos reinos ibéricos cristãos. Até o século XV, muitos judeus ocuparam lugares de destaque na vida política e econômica de Portugal.

Porém, em 1492, devido a Inquisição Espanhola um grande número de judeus espanhóis buscaram refúgio em Portugal. O Rei Dom Manuel, que inicialmente tinha garantido a proteção aos judeus, ordenou em 1496 a expulsão de todos aqueles que não se convertessem ao Catolicismo e fossem batizados.

Em 1506 são desencadeados diversos motins contra os cristãos-novos (entre eles os judeus sefarditas recém batizados à força), matando mais de quatro mil pessoas no massacre de Lisboa. Após o massacre foi permitida a emigração.

A colonização do Brasil é apontada por estudiosos como a segunda abertura do Mar Vermelho, visto que muitos dos judeus sefarditas, obrigados a deixar Portugal, foram responsáveis pela colonização brasileira.

Em 1515 o rei solicita o estabelecimento da inquisição que foi oficialmente aberta em 1536 e só foi extinta em 1821, quando Portugal atravessava uma revolução constitucionalista.

A inquisição tinha o foco nos cripto-judeus, aqueles que professavam a fé em segredo. Foram criados tribunais em várias cidades em Portugal, mas também visitas inquisitoriais nas possessões do reino, no Brasil, Goa e Cabo verde.

Segundo o historiador António José Saraiva, quarenta mil pessoas foram acusadas pela inquisição portuguesa. Dessas, só nos locais do contingente, foram queimadas 1.175 na fogueira e outras 633 em efígie.

Muitos desses judeus Portugueses e cristão- -novos, marranos, conseguiram fugir para alguns países como Marrocos, Franca, Itália, Grécia, Brasil, Argentina, México e Estados Unidos, dentre outros.

Réplicas em tamanho natural de instrumentos de tortura do séc XVI expostos no
Museu da Inquisição em Belo Horizonte / Fotógrafo: Rodrigo da Costa

Passo a passo

O processo de naturalização portuguesa por via sefardita pode demorar em torno de dois anos como um todo e é composto por três fases:

A primeira fase é o estudo genealógico para identificar e comprovar a ascendência judaica sefardita e a preparação da documentação para a apreciação da Comunidade Israelita de Lisboa.

A segunda fase é composta por essa apreciação e a emissão de um certificado, pré-requisito para o pleito. A certificação oficial é o documento que comprova a ascendência judaico-sefardita do candidato e sua ligação à comunidade judaica.

Com o certificado em mãos, é chegada a terceira fase: hora de dar entrada no processo de cidadania junto à uma Conservatória Portuguesa. Após a aprovação é emitido o registro de cidadão português e então o processo é finalizado.

De posse do registro, o cidadão português poderá requerer as documentações como passaporte e cartão cidadão.

Portanto, para saber se você possui ascendência sefardita e se tem direito à naturalização portuguesa o primeiro passo é examinar os registros orais e documentais familiares.

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Matéria publicada no Jornal MG Turismo / com alterações

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